quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Série Velhos Poemas: O PESO

junto cada lágrima forçada e em vão
amarro cada passo perdido no chão
guardo cada olhar atordoado ou para o teto
pego o espaço em cada segundo insistente
prendo o pavor em cada piscada improvável
analiso o vazio em cada momento inútil
é assim que eu calculo o peso da solidão

7 comentários:

Mehazael disse...

Pois é, acho interessante essa imagem da solidão ter um peso (que muitas vezes parece bem tangível, inclusive). Tu até achou um jeito de fazer esse cálculo, que apesar de achar que pode ser aprimorado, ainda assim parece estar no caminho certo. Isso me lembra um texto que li, em inglês, sobre isso. Não sei se tu sabe inglês (se não souber, me pede depois que traduzo), mas é assim:

Who has never killed an hour? Not casually or without thought, but carefully: a premeditated murder of minutes. The violence comes from a combination of giving up, not caring, and a resignation that getting past it is all you can hope to accomplish. So you kill the hour. You do not work, you do not read, you do not daydream. If you sleep it is not because you need to sleep. And when at last it is over, there is no evidence: no weapon, no blood, and no body. The only clue might be the shadows beneath your eyes or a terribly thin line near the corner of your mouth indicating something has been suffered, that in the privacy of your life you have lost something and the loss is too empty to share.

Legal, né? Como eu disse antes, quem não souber inglês, me pede que traduzo, mas postei assim pq achi mt legal no original mesmo. Abraço!

Hermes disse...

Eu não sei, se quiser traduzir...

E sobre o teu poema, você parece ter achado a felicidade na solidão, ou está no caminho. Se bem que felicidade...bem, é relativo...

CA Ribeiro Neto disse...

juntar, amarrar, pegar, prender...

O resultado desse cálculo é uma prisão?

CA Ribeiro Neto disse...

A,D,S,X é as iniciais das crônicas que quero postar. coloquei lá pra não me esquecer! ehurheuruh

Mehazael disse...

Tradução: "Quem jamais matou uma hora? Não casualmente ou sem pensar, mas cuidadosamente: um assassinato premeditado dos minutos. A violênia vem de um misto de desistência, desinteresse, e uma resignação ao fato de que avançar [no tempo] é tudo o que você pode alcançar. Então você mata a hora. Você não trabalha, você não lê, você não sonha. Se você dorme, não é porque sinta sono. E quando enfim terminou, não há evidência: não há arma, não há sangue, e não há corpo. A única pista pode ser a sombra sob os seus olhos ou uma linha terrivelmente fina próxima do canto de sua boca, indicando que algo foi sofrido, que na privacidade de sua vida você perdeu alguma coisa, e a perda é vazia demais para se dividir".

Paulo Henrique Passos disse...

Cara, valeu mesmo pelo parabéns! E que bom que gostou.

Dos versos: e que peso hem! Tudo o que se fala antes do último verso é ligado à solidão. E juntando tudo isso de fato deve pesar bastante.

Abraço.

Pedro Gurgel disse...

e que peso!