quinta-feira, 30 de outubro de 2008

DIÁLOGO VII

PARA NÃO MAIS RECLAMAR

por mais que, no pior lugar e na pior hora, as coisas resolvam dar errado, alguma coisa de bom e maior ainda resiste. talvez as coisas dêem errado porque é minha sina de mazela que sempre chama o veneno do azar nas horas mais específicas. e talvez ainda resista algo de bom e maior porque eu existo mais que o erro.
quem diz que a vida sem dificuldades não tem graça, provavelmente não está cansado delas... eu já cansei e descansei, estou no caminho da conformação.
e no fim das contas, ainda resta o pensamento jovem e tolo de que por mais que eu fuja dos empencilhos, fujo correndo para frente. quem sabe correndo eu não pego uma rajada de vento e me ponho a voar...

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

momento

a névoa já passou e meu olhar tudo vê
uma figura dança e me arrasta sem cair
o sentimento cobra o tempo de negligência
não há lugar nem pessoa e nem limite
o tudo e o nada se apresentam como felicidade
o ser abraça a essência e logo não tem razão
as cores se unem para formar a realidade
ao som da vida o suspiro é um só e eterno
a névoa já passou e minha alma tudo sente

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

o diabo é feio e mentiroso

lá se vai ela fugindo do meu abraço
só assim faço carreira e não me atraso
tanjo o boi um pouco mais e abro espaço
pra receber o que vier do meu acaso

manhã na cerca, novamente espio ela
esqueço o leite já fervendo na panela
mastigo um mato e me escoro na janela
e nem reparo que carregam minha chinela

seu pretendente vem chegando da cidade
o diabo é feio e ainda mente a própria idade
diz pra ela que seu amor é de verdade
traz na caixinha uma bela raridade

não tenho nada nem pra ela e nem pra mim
só dois pães que comprei no botequim
pelo jeito que se engraçam, disse "sim"
vou descalço pro barraco, cuspo o mato, e fim

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

ex-insistência

sem confidência pra quem não quer ouvir
nem sentir o que tem a dizer para alguém
pois ninguém nesta vida querida e sofrida
valida a aparência que esconde a essência

acontece que o mundo real não tem chão
nenhum pão é doado sem estar amassado
e ao lado da dor nunca basta um carinho
o caminho carece de quem não o esquece

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

além do fim

viagem não concreta
numa estrada tão sem reta
que não dá pra lançar seta
pois não tem o que acertar

meu caminho não tem meta
minha fala é inquieta
e a vontade é incompleta
pois não sabe onde vai dar

minha alma é de atleta
não precisa bicicleta
quando a vida me alerta
que não tem por que parar

fim do mundo não me afeta
a liberdade é mais esperta
e a saudade só aperta
quando sei que vou chegar