quinta-feira, 15 de abril de 2010

DIÁLOGO XII

"ARE YOU TALKING TO ME?"

Sempre gostei de filmes. Porém, de uns meses pra cá, acho que este gosto tem se transformado numa paixão. É certo que praticamente todo mundo assiste filmes, mas destes, somente alguns gostam de discutir sobre eles, e destes, somente alguns sabem o que estão dizendo. É certo também que só sabem discutir sobre filmes aqueles que assistem o maior número possível destes, e de qualidade.


Digo isto porque não adianta você assistir trezentos dramalhões estilo Sete Vidas, quinhentas paródias ao nível de Todo Mundo em Pânico e mil filmes de ação com o Steve Segal pra dizer que assistiu muitos filmes e, por isso, sabe discutir sobre eles. É preciso assistir muitos filmes, sim, mas filmes que mostrem porque o cinema é uma arte antes de ser uma indústria. Dentre estes, os considerados clássicos são insuperáveis.

Eu já tive muita resistência em assistir este tipo de filme, mesmo quando meu gosto por cinema já se transformava em paixão. Antes mesmo de assistir obras-primas como O Poderoso Chefão e Casablanca, eu já os achava chatos, enfadonhos, monótonos, enfim, tudo o que um bom preconceito diz servir de argumento contra algo. Mas, quando meu interesse por cinema atingiu uma maturidade que não se satisfazia mais com o conforto da identificação com o meu tempo projetado na grande tela, aventurei-me por tempos passados, até remotos, sendo aí onde e quando o cinema me afetou da melhor forma.

Já virou um clichê pseudo-intelectual dizer que os melhores filmes são os antigos. Claro que não podemos generalizar nada neste mundo, até porque só podemos falar do que conhecemos. E é por isso mesmo que eu digo: os melhores filmes são os antigos! Seja pela forma madura de contar histórias, mesmo aquelas voltadas para o público infanto-juvenil; seja pelo tipo de mensagem despretenciosa e confiante no poder de reflexão do público que as recebe, sem precisar se escrachar em verborragias quando se pode usar apenas imagens; seja pelos diálogos extremamente necessários para os rumos das ações, sem apenas narrá-las e serem conduzidos por elas; seja pela sincera preocupação em fazer arte, ousando por necessidade criativa e não por destaque.

É uma experiência mágica perceber de onde os melhores diretores da atualidade tiraram sua maneira de fazer filmes, ou seja, conhecer o mestre do seu mestre. Isto aconteceu comigo particularmente quando eu assisti aos faroestes que compunham a chamada "trilogia dos dólares" de Sergio Leone, a saber: Por um Punhado de Dólares, Por uns Dólares a Mais e Três Homens em Conflito. Foi aí que eu percebi de cara a influência destas películas em Quentin Tarantino, considerado por mim um dos maiores diretores/roteiristas de cinema ainda vivo.

Enfim, minha intenção aqui não é fazer uma apologia aos clássicos do cinema - mesmo já o tendo feito -, mas sim expressar minha paixão pela sétima arte e mais ainda pela arte em geral (já falei que o amor da minha vida é a música?). Só pra não dizer que eu não valorizo o cinema contemporâneo, aqui vão alguns exemplos de ótimos filmes produzidos em nossa época: Dogville (Lars von Trier, 2003), Onde os Fracos Não Têm Vez (Joel e Ethan Coen, 2007), Os Bons Companheiros (Martin Scosese, 1990), Bastardos Inglórios (Quentin Tarantino, 2009), O Lutador (Darren Aronofsky, 2008), Cidade de Deus (Fernando Meirelles, 2002), Abril Despedaçado (Walter Salles, 2001), dentre outros...

Antes de finalizar, gostaria de deixar aqui o nome de quatro diretores que eu considero os melhores dentre os que eu conheço razoavelmente o trabalho: Quentin Tarantino, Stanley Kubrick, Sergio Leone e Martin Scosese. Agora sim, pra finalizar, deixo aqui meu Top 10 Melhores Filmes, que levei meses pra fazer. Já postei essa lista em meu flog (http://fotolog.com/quase_quasimodo), mas de uns dias pra cá pensei em algumas revisões, que sempre vão ter à medida que eu for assistindo mais filmes, ou seja, não sei até quando esta lista vai valer do jeito que ela se encontra aqui!

01. O Exorcista (William Friedkin, 1973)
02. Tempos Modernos (Charles Chaplin, 1936)
03. Três Homens em Conflito (Sergio Leone, 1966)
04. 2001: Uma Odisséia no Espaço (Stanley Kubrick,1968)
05. Pulp Fiction (Quentin Tarantino, 1994)
06. O Poderoso Chefão (Francis Ford Coppola, 1972)
07. Era uma Vez na América (Sergio Leone, 1984)
08. Metrópolis (Fritz Lang, 1927)
09. Casablanca (Michael Curtiz, 1942)
10. Noite dos Mortos-Vivos (George Romero, 1968)

2 comentários:

CA Ribeiro Neto disse...

Homi, isso num é um diálogo, como tu me disse no msn, e sim um ensaio.


Quanto a encontrar alguém que queira discutir isso em pé de conhecimento, agora você sabe o que eu passo para discutir política e a razão de existir grupo literário e blogs de quinta! hehehehe

Mas uma boa oportunidade de você encontrar pessoas afim de discutir, e você já deve saber disso, é a internet. Pessoas com o mesmo nível de conhecimento que não moram perto de você, se torna próximo numa simples comunidade de orkut que você passe a visitar mais regularmente.

ps: Scosese está entre seus melhor diretores, mas não tem filme no top 10!!!! hehehehehehe
melhor você rever seu quarteto, então, não?

Giovana disse...

Não sou cinéfila... mas por filme sou apaixonada.

No seu "top ten" não tem nenhunzinho filme brasileiro. Acho que pelo menos Macunaíma e O Auto da Compadecida merecem algum reconhecimento...

Já A Noite dos Mortos Vivos... tem alguém além de mim e do meu irmão que já viu esse filme!!! ahahaha
Eu e ele vimos esse filme por acidente na TV e, realmente, é muito bom! Eu adorei o filme... Deu até vontade de vê-lo novamente.

Só queria saber porque o Exorcista está no primeiro lugar. Não vi todos da lista, mas dos que eu vi eu colocaria O Poderoso Chefão, apesar de eu ter gostado mais do 2.

O Último Tango em Paris tbm é um filme que acho que merece uma certa atenção.

Enfim, obrigada pelas várias dicas de filmes no post!