quinta-feira, 17 de junho de 2010

graça

poda a sobra de tempo da vida
para caber a beleza escondida
em sete palmos de terra batida
que qualquer um pode cavar

enquanto a lágrima de sua querida
se orgulha por não ser escorrida
mesmo estando sempre munida
de tantos bens que não soube amar

depois de anos de graça falida
deparou-se com a riqueza perdida
ao passo da última dor sentida
que não fez questão de acalentar

4 comentários:

Anônimo disse...

O que quis dizer com "poda" a sobra de tempo de vida? Por mim, é como alguém que se sente desvalorizado, que tem beleza interna (por isso escondida), e que desiste de mostrá-la, sepultando-a a sete palmos do chão, coisa que qualquer um podia ter feito.
Na segunda estrofe percebo algo não-correspondido, como alguém que ama e outro alguém que fica triste por não amar também, mas ainda com orgulho de ser "amado", de ser querido e desejado por alguém, não sabendo valorizar - o que arremete a primeira estrofe.
Essa pessoa tentou por muito tempo, e viu o quanto perdeu - o tempo, a maior riqueza. Isso vê-se na última e terceira estrofe, quando o eu-lírico se deixa levar pela morte, quando sabe que a dor é a última. Ele "não fez questão e acalentar" [a dor].
Foi o que entendi. '-'

Marcella disse...

Houveram versos q senti entender mais do que gostaria.
Abraços

CA Ribeiro Neto disse...

Acho que entendi, acho... hehehe

Na minha interpretação, havia um casal, que tinham uma relação estável, mas não feliz. Então, o cara morre, e a mulher segura a lágrima para não chorar, como se fosse em revolta à vida não tão boa. O final, me deu a entender que o eu-lírico considera uma posição egoísta da mulher.
Entendi certo??????

Marcília Sousa disse...

"depois de anos de graça falida
deparou-se com a riqueza perdida"

Casal infeliz ao longo de uma vida. A esposa percebe após a morte do marido que perdeu a sua maior riqueza - o tempo.

Beijos!!

*Tentando tirar o atraso nos comentários!! hihihi!!