quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Série Velhos Poemas: IDÉIAS DE TOLEDO

A Descoberta

resumia-se à revelação de prazeres
antes apagados
mergulhados no mar da verdade que existia
além da solidão
bastavam estreitas linhas de rebeldia
para costurar seu amargo lençol rotineiro

a capacidade de expelir idéias superava a da revelação própria
e sua doente procura por onde vomita-las
só brilhava-lhe os olhos



O Medo da Descoberta

mente comprimida a cadeados
já que o abstrato era a fala por si só

seu único tudo e confidente de si próprio
enterrado no absurdo eram mais que pensamentos
pois estes voam



O Exílio

vontade disfarçadamente proposital
sem ver nem ouvir nem sentir
nem pensar nem dormir

rendia-se ao luxo e glória do próprio egoísmo
erguido ao som de resquícios do passado
e sobras do antes prato principal do presente

em sua mesa repleta de ironias e coberta
totalmente



Momentos de Presunção


ao tempo em que era dito a se livrar dos botões
que lhe protegiam o peito
absorvendo estrangeirismos já coagulados
por conveniência

era que se dizia criador
por pura presunção ou mero devaneio



Momentos de Verdade

a normalidade nos bastidores era o seu fim

e a fome por si mesmo o libertaria
por meio de consideráveis explosões
do silencioso caos que comprimia sua alma

até que esta perdesse seu único surto
de ousadia
e perversão

que se via sutilmente obrigado a guardar
entre panos de louça limpos



Raivas

de tudo aquilo que pensavam e diziam
livrava-se a partir de socos invisíveis para fora
seguindo o ritmo da bola de barbante que corria sobre o plano inclinado
sem tamanho



A Decisão

sua pele serviria de esconderijo
e morderia a língua quando questionado

debaixo da cama os pensamentos se amontoavam
e não perderiam o rumo nunca mais



O Desfecho

e no auge de sua devoção
ao quase sempre amigo e inexplicável universo
de portas trancadas e sem janelas

morria uma ou duas vezes
para não chorar

após descobrir que no fim das contas
simplesmente poderia estar ele certo

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