A Descoberta
resumia-se à revelação de prazeres
antes apagados
mergulhados no mar da verdade que existia
além da solidão
bastavam estreitas linhas de rebeldia
para costurar seu amargo lençol rotineiro
a capacidade de expelir idéias superava a da revelação própria
e sua doente procura por onde vomita-las
só brilhava-lhe os olhos
O Medo da Descoberta
mente comprimida a cadeados
já que o abstrato era a fala por si só
seu único tudo e confidente de si próprio
enterrado no absurdo eram mais que pensamentos
pois estes voam
O Exílio
vontade disfarçadamente proposital
sem ver nem ouvir nem sentir
nem pensar nem dormir
rendia-se ao luxo e glória do próprio egoísmo
erguido ao som de resquícios do passado
e sobras do antes prato principal do presente
em sua mesa repleta de ironias e coberta
totalmente
Momentos de Presunção
ao tempo em que era dito a se livrar dos botões
que lhe protegiam o peito
absorvendo estrangeirismos já coagulados
por conveniência
era que se dizia criador
por pura presunção ou mero devaneio
Momentos de Verdade
a normalidade nos bastidores era o seu fim
e a fome por si mesmo o libertaria
por meio de consideráveis explosões
do silencioso caos que comprimia sua alma
até que esta perdesse seu único surto
de ousadia
e perversão
que se via sutilmente obrigado a guardar
entre panos de louça limpos
Raivas
de tudo aquilo que pensavam e diziam
livrava-se a partir de socos invisíveis para fora
seguindo o ritmo da bola de barbante que corria sobre o plano inclinado
sem tamanho
A Decisão
sua pele serviria de esconderijo
e morderia a língua quando questionado
debaixo da cama os pensamentos se amontoavam
e não perderiam o rumo nunca mais
O Desfecho
e no auge de sua devoção
ao quase sempre amigo e inexplicável universo
de portas trancadas e sem janelas
morria uma ou duas vezes
para não chorar
após descobrir que no fim das contas
simplesmente poderia estar ele certo
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
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