quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

11

um atrás do outro sugere uma interjeição
mas com paz e alegria ninguém fala palavrão
mudar a cada ano é difícil de montão
mas só ser o mesmo fela já é muito paradão

inevitavelmente a virada é sugestão
novos dias e atitudes sempre marcam o coração
mas parece que a mudança só é pura diversão
num dia sendo um anjo e no outro já um cão

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

natalindo

desejo tudo e nada
faço muito e pouco
espero pela fada
agindo feito louco

estou feliz e triste
vejo preto e branco
deus é quem insiste
abrir enquanto tranco

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

woody

ele é comédia doze certa
ou talvez um pouco mais
não recuso nenhuma oferta
para vê-lo em cartaz

neurótico como sempre
um piadista preocupado
mas faz com que eu entre
no seu mundo complicado

é um gênio da escrita
seja ela onde for
com sua fama de jazzista
já garante o meu amor

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

2ª Sugestão do Blogs de Quinta

7 FILMES QUE MARCARAM A MINHA VIDA
AVISO PRÉVIO: A lista a seguir não está em ordem de importância que cada um destes filmes teve em minha vida, pois eu não saberia quais critérios usar para a construção de tal estrutura. Dessa maneira, resolvi organizá-los por ordem alfabética. Estes não são os meus filmes favoritos, muito menos os melhores já feitos em minha opinião. Tratam-se apenas de filmes que me afetaram de algum modo, independente de eu gostar ou não deles ou de eles serem considerados filmes bons ou ruins pela crítica em geral.

A História Sem Fim (1984), de Wolfgang Petersen
Este filme, como a maioria dos bons filmes de Hollywood, é baseado em um livro. Porém, eu não sabia disso na época em que eu assisti, pois devia ter uns 5 anos de idade mais ou menos. Acho que este foi o primeiro filme que realmente me marcou, e eu não estaria exagerando se dissesse que foi particularmente por causa de uma cena. A cena em que o cavalo do co-protagonista morre na areia movediça. Faz-se necessário aqui contextualizar este fato, pois na história do filme, ou melhor, na história do livro do filme, existia um pântano em que você não poderia ficar triste, se não era sugado. Enquanto o pobre do cavalo estava afundando na areia, a criança que era seu dono dizia desperado pra ele não ficar triste, pra ele lutar contra a tristeza, enfim. Isso me chocou de uma forma que nunca mais esqueci. Um cavalo que por algum motivo ficou triste e foi sugado pela areia do pântano que não tolerava este sentimento... Pelo que lembro, foi a primeira vez, e talvez única, que tive vontade de chorar vendo um filme, mas ainda assim segurei as lágrimas porque não queria que a minha mãe, que estava assistindo comigo, percebesse. Só sei que quando acabou o filme, ela quis colocar A História Sem Fim 2, pois tinha alugado os dois filmes de uma só vez, e eu não queria assistir nem a pau, pois pensava que ia ser tão triste quanto o primeiro, apesar do final feliz. Quanto mais a minha mãe insistia que o 2 era a mesma coisa do 1, na estratégia de fazer eu assistir, mais eu não queria ver, pois se fosse a mesma coisa, teria morte de animal de novo! No fim das contas, eu acabei assistindo e dei graças a Deus que não teve mais cavalo morrendo.

Brinquedo Assassino (1988), de Tom Holland
Pra você que não me conhece bem e acabou de ler o que escrevi acima, fica difícil acreditar no quanto eu amo filmes de terror. E um filme de terror onde o assassino é o Fofão, não tem como não estar nesta lista! Tá bom, eu sei que o boneco do filme não era o Fofão, mas todo mundo associava a ele devido à semelhança. Apesar de ser um clássico dos anos 80, não foi o filme em si que me marcou, mas sim o efeito que ele teve sobre as pessoas, pelo menos as que eu tinha contato quando era pivete. Não esqueço da época em que todo mundo abria o seu Fofão pra ver se tinha uma faca ou uma vela, pois isto era sinal de que o boneco era amaldiçoado! Lembro de ver o Fofão da minha vizinha jogado no meio da calçada, coitado. Não sei o que ela havia encontrado nele, não sei nem se ela se deu o trabalho de procurar alguma coisa, só sei que ela não quis mais saber do brinquedo. Lembro-me muito bem do dia em que eu e minha mãe abrimos o meu Fofão pra ver se tinha alguma coisa dentro. Não sei se ela acreditava nessas coisas ou só tava fazendo isso pra me alegrar, pois eu torcia pra que houvesse algum indício de que o meu Fofão era amaldiçoado! Seria muito legal saber que meu boneco era um perigo real à vida das pessoas, e nem passava pela minha cabeça que a vítima pudesse ser eu ou alguém da minha família, eu só queria que ele fosse asssassino e pronto! Pena que só havia bolinhas de isopor...

Mortal Kombat (1995), de Paul W. S. Anderson
Nossa, como eu gostava desse jogo! Lembro no primeiro dia de férias de milhões de anos atrás, quando eu fui com a minha mãe e um amigo meu da época comprar meu cartucho do Mortal Kombat 2 pro Master System 3 e vi a versão do jogo pro Mega Drive numa das televisões da loja, achando uma perfeição os gráficos, com um cara jogando o outro com um murro pra dentro do esgoto de ácido e depois só aparecendo a caveira do indivíduo boiando... Quando saiu o filme no cinema, estavam eu e meus dois primos na primeira fila, já com dor na nuca de tanto olhar pra tela. Eu não entendi nada da história, pois o filme era legendado e eu ainda não tinha aprendido a ler rápido o bastante pra acompanhar filmes que não eram dublados. Mas naquela época a história não era importante, eu queria ver a pêia! Quando o filme chegou nas locadoras, meu primo mais viciado de todos alugou, copiou (em VHS, é claro) e assistiu mais umas 100 vezes seguidas sozinho. Lembro até que o pai dele, que era especialista em coisas eletrônicas, fez uma gambiarra lá com videocassetes e microfones que deu pra gente colocar nossas próprias vozes no filme. Nós dublavamos mortos de felizes, frescando muito, claro, hehe! Bons tempos aqueles...

O Exorcista (1973), de William Friedkin
Sou suspeito pra falar desse filme. Não porque amo filmes de terror, mas porque esse é o meu preferido! Não só dentre os filmes de terror, mas esse é o meu filme favorito de todos os tempos! É um dos poucos desta lista que também está na minha lista de filmes preferidos. Ele me marcou porque foi o primeiro - talvez o único - filme de terror que realmente me meteu medo, aquele medo de você não conseguir dormir. O fato de eu saber que o filme era baseado em fatos reais também ajudou, mas aqui abro um parênteses: o povo tem mania de dizer que o filme é baseado em fatos reais só pra chamar a atenção do público, quando na verdade é somente inspirado em alguns fatos, na maioria das vezes bem diferentes do que se mostra no filme. Por exemplo, no caso d'O Exorcista, o roteirista do filme, que não por acaso é também o autor do livro que deu origem à película, inspirou-se em uma notícia de jornal que falava sobre o exorcismo de um garoto que estava possivelmente possuído pelo demônio. Dái pra baseado em fatos reais é um abismo! Pois bem, eu poderia dizer que esse foi o único filme de terror (terror mesmo) que concorreu ao Oscar de melhor filme, poderia dizer que ganhou 2 Oscars dos 11 que concorreu, poderia dizer que foi o filme que criou as regras básicas de filmes de exorcismo, inovando em relação aquilo que já existia, e poderia dizer também que é considerado o melhor filme de terror de todos os tempos por gente muito séria do cinema... Mas aqui só vou falar sobre meus sentimentos sobre ele. O Exorcista é um filme que não apela pra sustos, pois aquela menina feia aparece constantemente no filme como qualquer outro personagem, e embora você saiba que ela vai aparecer, mesmo assim sente medo. A atmosfera setentista (pros dias de hoje) é perfeita pro tipo de história que se pretende contar, pois dá um clima de antigo, de passado, que só faz somar à tensão já existente na própria história.

O Máskara (1994), de Chuck Russel
Sempre fui fã do Jim Carrey. Embora antes d'O Máskara ele já tivesse feito um dos principais filmes dele, Ace Ventura, O Máskara foi o primeiro dele que eu vi. Pouca gente sabe que esse filme é baseado em uma HQ honônima, sendo que nos quadrinhos o personagem é muito mais violento do que no filme. Lembro que vi o trailer desse filme na televisão, e pirei nos efeitos, nunca tinha visto algo naquele estilo senão em desenhos animados. Fiquei louco pra ver o filme no cinema, mas não tinha a idade suficiente da censura, então tive que esperar sair em VHS. Quando eu era criança, adorava desenhar, e depois que eu vi O Máskara, eu não desenhava outra coisa senão caras assustados saindo a caveira pela boca, saltando os olhos, esse tipo de coisa... Eu simplesmente adorava desenhar essas coisas, exagerava mesmo. Bem, isso é tudo o que eu tenho pra falar a respeito de como esse filme me marcou. Pode não ser muito, mas pra mim a intensidade foi devastadora!

Tempos Modernos (1936), de Charles Chaplin
Este é outro filme que também está na minha lista de favoritos, em segundo lugar, logo depois de O Exorcista. O que posso falar sobre Chaplin? Que ele foi e ainda é o maior comediante de todos os tempos? Que ele foi um dos artistas mais talentosos e versáteis do século XX? Que ele foi e é um dos maiores cineastas de todos os tempos? Sim, posso dizer tudo isso. Posso dizer também que esta película em particular me marcou de uma forma que nenhuma comédia jamais me marcou, seja pelo seu humor sarcástico ou inocente, pois Chaplin sabia dosar ambos como ninguém. Lembro que eu me identificava - ou pelo menos queria identificar alguma coisa minha em Chaplin - e ainda me identifico com ele na cena em que ele sai da fábrica cheio de tiques devido à mesmisse do trabalho, apertando qualquer tipo de coisa com as ferramentas... hehehe! A cena em que ele é escolhido para testar uma máquina de alimentar os empregados da fábrica no menor tempo possível, assim evitando perda desnecessária de tempo e dinheiro, é talvez, para mim, a melhor cena de comédia do cinema. Bom, existem casos que realmente não se tem mais o que dizer, pois se há uma verdade absoluta é que Charles Chaplin é O Cara!

Toy Story (1995), de John Lasseter
Bem, pode vir Wall-e, pode vir Up, pode vir qualquer animação digna de Oscar, mas minha preferida é e sempre vai ser Toy Story! Não que Toy Story não seja digno de Oscar, mas eu digo isso porque, antes dessa moda de colocar drama em animação pegar - o que, deveras, é muito interessante -, Toy Story já emocionava pela simplicidade, espontaneidade e ingenuidade, ou seja, tudo o que você tem quando é criança. Esse filme é sobre isso: infância. Sem falar que foi o primeiro longa-metragem feito interamente em computadorização gráfica (na verdade, foi a animação brasileira Cassiopéia, mas Toy Story foi lançado antes). Eu mesmo me surpreendo por este filme não estar na minha lista de favoritos, pois sempre que eu vejo passando na televisão eu paro pra assistir... É aquele tipo de filme que nunca cansa de ver. De fato, é um dos meus filmes favoritos, caso a lista seja de 15 ou 20 filmes. "Ao infinito e além"!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

8º CONTO

ELA E O DIA

Depois de uma música que falava sobre dor, maturidade e compromisso, guardou o MP4 na bolsa e recostou sua cabeça no vidro da janela do ônibus. Agora ela só queria escutar o som do mundo com tudo o que havia de bom e ruim para se ouvir: o barulho da catraca, das moedas, a conversa dos passageiros, as buzinas dos carros, o som dos motores, das crianças brincando na calçada do lado de fora, das folhas das árvores em contato com o metal de sua condução...

Fechou os olhos e só assim foi capaz de perceber a brisa que há muito tempo acariciava seu rosto. Recordou de uma viagem que fez quando ainda era menina, quando seus pais ainda estavam juntos, mas ela só queria brincar com as crianças da praia. Apenas um momento de relação com os pais durante essa viagem veio à memória, fazendo-a se surpreender por nunca ter se lembrado disso antes: a mãe abraçava o pai pela cintura, e este apoiava a filha sentada em seus ombros em frente ao pôr-do-sol, debaixo de um céu laranja. Teve dúvidas sobre se aquilo realmente havia acontecido ou se era apenas uma necessidade sua construir aquela bela imagem. Chegou à conclusão de que nenhum dos casos comprometia a validade daquele pensamento para si mesma, e então decidiu adotá-lo como a primeira vez em que parou e celebrou a vida.

Abriu os olhos levemente e olhou pela janela quando o ônibus passava em frente a uma loja de fantasias. Reparou em uma máscara exposta na vitrine e a reconheceu-a de um filme de terror ao mesmo tempo em que se lembrou de um quadro expressionista onde o pavor era evidente. O pânico gritava sua existência no mundo, mas ela era maior, não porque demonstrava indiferença ou o negava, mas porque o ouvia, o reconhecia e, mesmo assim, não se sentia ameaçada. O medo de costume era ridículo naquele momento, e a consciência deste fato a fez suspirar de orgulho.

Enquanto mexia levemente a cabeça a fim de encontrar uma posição mais confortável, percebeu que um rapaz no acento à sua diagonal mantinha o pescoço virado de tal forma que pudesse observá-la sem constrangimento. Ele parecia estar há um bom tempo fitando-a com curiosidade e apreço. A paz que a envolvia e emanava de si permitiu que ela retribuísse o olhar com um sorriso de brinde, sem preocupações sobre como aquele gesto estaria sendo interpretado pelo seu par, que ela via como parte de tudo. Mas como a vida era maior e apaixonadamente convidativa, após alguns segundos de troca de olhares, ela recolheu seu interesse à posição original.

Chegou à sua parada, mas ela não se moveu. Mesmo assim, o ônibus parou para alguém descer. Estava decidida a continuar aquela viagem até que alguém a expulsasse dali e refirmasse seus pés no chão à força. Antes que o veículo começasse a andar novamente, sentiu algo tocar sua cabeça de leve pelo lado de fora. Pensou ser a costumeira visão de mundo lhe chamando de volta, implorando-a para pousar no lugar certo. Sem mover o pescoço ou o olhar, ela esboçou um sorriso como se vangloriando por não se sentir tentada. Só então, o ônibus continuou a andar.