ele é o bom fora-da-lei
e o mais sujo dentro dela
o seu nome eu não sei
mas visito sua capela
suas bitucas deixam rastros
e sua magnum deixa sangue
entre todos os grandes astros
quero ele em minha gangue
esse é o madeira-leste
com sua cara amarrada
na cidade ou faroeste
ele mal dá uma risada
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Série Velhos Poemas: ONZE TEMPOS
milênios
com um simples corte transversal sobre o crânio
poderia afastar o teto de espinhos
mas de repente só pensava em empacotar o coração e jogá-lo ao mar
onde ninguém sequer o tocaria por milênios
séculos
a transpiração não molha a pele
tampouco as lágrimas borram a vista
da tinta que escorre sobre séculos de espera
obedecendo compulsivamente a cronologia
sob forma de lágrimas e suor e lágrimas
décadas
dúvidas não batem à porta mas entram pela janela
já se sabe que há décadas se guardam olhos na nuca
tão forçado a esquecê-los que nem os merecem
tão perfeitos por inteiro
anos
a insistência dura anos com desfechos semelhantes
com as retinas sob pálpebras sob vendas
faço malabarismo com ovos
meses
os meses molhados rastejam pelo barro intocável
vagarosamente
imprevistos do pássaro rodeiam o ninho imutável
mensalmente
semanas
ser o porquê dos planos falíveis
ter o motivo qualquer requerido por velhos sonhos
querer poder tentar salvar
as semanas não diluídas em mente
dias
não é aconselhável relutar nem fingir
ou os eternos dias de gritos de espera
não valerão nem as cicatrizes
dos dias futuros
horas
embora as horas ponham-se em volta dos ponteiros
por mais de uma vez
já é passado o tempo de decisão
e qualquer outro
minutos
não pelo fim da angústia
nem mesmo pelo caos
presente nos minutos derradeiros
em que os antigos espíritos renovados
já vestem saia e paletó
segundos
tentando quebrar vidros o bastante para dizer
ao tempo em que os cristais brilham com fome de libertação
carregando a eterna culpa por não fazê-lo especial
a cada ruído que o relógio anuncia a perda de mais um dos segundos
sim querida
que ao menos pudesse ser decisivo sim
milésimos
digerindo a fórmula do viver milênios em milésimos
e distanciados pelos últimos e breves instantes tão somente
antes do nirvana e conseqüente apoplexia
com um simples corte transversal sobre o crânio
poderia afastar o teto de espinhos
mas de repente só pensava em empacotar o coração e jogá-lo ao mar
onde ninguém sequer o tocaria por milênios
séculos
a transpiração não molha a pele
tampouco as lágrimas borram a vista
da tinta que escorre sobre séculos de espera
obedecendo compulsivamente a cronologia
sob forma de lágrimas e suor e lágrimas
décadas
dúvidas não batem à porta mas entram pela janela
já se sabe que há décadas se guardam olhos na nuca
tão forçado a esquecê-los que nem os merecem
tão perfeitos por inteiro
anos
a insistência dura anos com desfechos semelhantes
com as retinas sob pálpebras sob vendas
faço malabarismo com ovos
meses
os meses molhados rastejam pelo barro intocável
vagarosamente
imprevistos do pássaro rodeiam o ninho imutável
mensalmente
semanas
ser o porquê dos planos falíveis
ter o motivo qualquer requerido por velhos sonhos
querer poder tentar salvar
as semanas não diluídas em mente
dias
não é aconselhável relutar nem fingir
ou os eternos dias de gritos de espera
não valerão nem as cicatrizes
dos dias futuros
horas
embora as horas ponham-se em volta dos ponteiros
por mais de uma vez
já é passado o tempo de decisão
e qualquer outro
minutos
não pelo fim da angústia
nem mesmo pelo caos
presente nos minutos derradeiros
em que os antigos espíritos renovados
já vestem saia e paletó
segundos
tentando quebrar vidros o bastante para dizer
ao tempo em que os cristais brilham com fome de libertação
carregando a eterna culpa por não fazê-lo especial
a cada ruído que o relógio anuncia a perda de mais um dos segundos
sim querida
que ao menos pudesse ser decisivo sim
milésimos
digerindo a fórmula do viver milênios em milésimos
e distanciados pelos últimos e breves instantes tão somente
antes do nirvana e conseqüente apoplexia
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
sobra
o coelho era feliz em sua toca
mas todos os dias eram iguais
então tentou a sorte na troca
o que assustou todos os animais
trocou seu velho tédio seguro
pelo perigo que é a floresta
primeiramente sentiu o ar puro
e depois a peçonha em sua testa
mal havia saído do sufoco
e já estava na boca de uma cobra
mas ainda preferia viver pouco
pois pra ele qualquer coisa já era sobra
mas todos os dias eram iguais
então tentou a sorte na troca
o que assustou todos os animais
trocou seu velho tédio seguro
pelo perigo que é a floresta
primeiramente sentiu o ar puro
e depois a peçonha em sua testa
mal havia saído do sufoco
e já estava na boca de uma cobra
mas ainda preferia viver pouco
pois pra ele qualquer coisa já era sobra
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
a maldição
uma onda grande demais para se curtir
me joga na areia e me cobre de mar
é tão pesado que mal posso levantar
e é tão curto o intervalo para outra vir
o mar anda agitado nessa praia deserta
não há socorro em lugar que não há perigo
e não sei bem por que pro fundo ainda sigo
nesse mar de pesadelos ninguém me desperta
abandonado sob águas más aqui estou
e o meu corpo mal suporta esta pressão
até que sinto explodir meu coração
tempero o mar com pedacinhos do que sou
me joga na areia e me cobre de mar
é tão pesado que mal posso levantar
e é tão curto o intervalo para outra vir
o mar anda agitado nessa praia deserta
não há socorro em lugar que não há perigo
e não sei bem por que pro fundo ainda sigo
nesse mar de pesadelos ninguém me desperta
abandonado sob águas más aqui estou
e o meu corpo mal suporta esta pressão
até que sinto explodir meu coração
tempero o mar com pedacinhos do que sou
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