quinta-feira, 26 de março de 2009

voltar

mas o que ela fala é desconexo
procuro um norte em seu olhar
e como quem pede desculpa por amar
tento desesperadamente controlar a respiração

mas ela me diz "não"
sento no que antes eram nuvens
finjo um suspiro de quem dá conforto
por nada mais ser passível de recepção

dá-se assim meu despertar
de volta ao largo salão das possibilidades
figuras sinistras escondem algo além delas mesmas
dou um passo e sigo em frente

sexta-feira, 20 de março de 2009

pro além

preciso de um curandeiro
remendador ou canoeiro
eletricista ou sanfoneiro
pra mostrar pro mundo inteiro
como se pára a minha dor

preciso de um médico
de um crente ou cético
pra levar o cheiro fétido
pro além-mar/céu/inferno
que for.

quinta-feira, 12 de março de 2009

mão e não, chão e pão

o tempo amorna, e a qualidade provisória diz porque não é escolhida
mais ou menos mãos, mais ou menos nãos, mas só para quem pôde vivê-los
e a seu momento, cada nota, hora ou brisa justifica o seu valor
quem sabe o paraíso é menos dinâmico, menos surpreendente, menos
para não perder o costume, ainda existe o que lamentar com razão
caso não, ainda há mãos que sustentam ou empurram o fio de sanidade
a cada idade

a cada chão e pão.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Série Velhos Poemas: POR ALGUÉM

pelos que temem, eu digo sim
pelos que choram, eu digo sempre
segredos têm a força própria
da auto-destruição

pelos que rezam, eu digo amém
pelos que amam, eu me calo
por alguém