sexta-feira, 30 de maio de 2008

desculpa esfarrapada para os caros companheiros

peço aqui o meu perdão
ontem era o grande dia
mas preferi a diversão
do que esta fantasia

se pudesse eu faria
sexta e quinta serem iguais
assim não perderia
comentários pontuais

cá estou angustiado
mas cumprindo meu dever
é que cidadão instigado
não ousaria eu perder

sexta-feira, 23 de maio de 2008

arranque meus olhos e os coloque no lugar dos seus

senti-me estranho, e daí que vi
um homem de cabeça para baixo
incapaz de evitar, pus-me a rir
"mas só pode estar louco, eu acho"

tolos pés a fim de pisar o céu
mãos imundas obrigadas a tocar o chão
indaguei-o se era a Torre de Babel
me disse "posso ser ou não"

de repente, virou em cambalhota
seus pés firmes no concreto
pensei "meu deus, mas que lorota"
mãos pro ar atrás de um teto

notei então um peso forte
meu ar de elegância se perdeu
pro meu azar ou minha sorte
de ponta-cabeça estava eu

quinta-feira, 15 de maio de 2008

pathos

ainda posso enganar a larva estranha
da entranha não passa e nem chega a lutar
câncer de alma, cárcere da calma
estanca e arranca mas não tenta matar

cada dia e cada ação registro em meu relato
seu contato não carrega nem segredo a revelar
tumor na mente, fedor de gente
seu ato consumado só espera o descansar

sexta-feira, 9 de maio de 2008

mudo cá

dava noite e dava dia
esquentava e chovia
e eu ainda não sabia
o que tinha que falar

galopando pelos canto
apelando pra todo santo
tô caçando algum recanto
pra módi poder ficar

meu cavalo relinchando
aquele galo já cantando
os urubu me arrodeando
e eu parado e mudo cá

tá me esperando na janela
espia só que coisa bela
mas como eu sou muito fela
dá preguiça de ir pra lá

quinta-feira, 1 de maio de 2008

DIÁLOGO V

SÓ PRA DIZER QUE NO CÉU AINDA TEM LUZ

seria engraçado, se não fosse trágico, o modo como nos revelamos a nós mesmos. claro que se mostrar ao outro é totalmente constrangedor e desrespeitoso com relação a quem mostra e a quem vê - isso porque quem mostra também vê e vice-versa -, mas saber sobre si mesmo é uma tarefa puramente verdadeira, e nada é mais escrachante e dilacerador do que a verdade.
talvez devido à estupidez e covardia humana, ou talvez devido à genialidade de sua auto-proteção, quando isso acontece uma vez, o rompimento que se origina cicatriza. é preciso haver numerosas puras verdades a serem não somente ditas, mas mostradas, esfregadas no rosto do ser para que este a aceite em toda sua força e derrota.
a verdade sobre si nada mais é do que o que sempre esteve, mas ninguém quer enxergar, por medo ou presunção.