sexta-feira, 28 de março de 2008

árvore

guardo minhas coisas em um lugar
um cantinho onde ninguém vai procurar

não faço mais desdém do meu viver
a manhã me chama e não quero me esconder

um novo dia não escolhe a quais olhos abrir
a serenidade não informa o que devo sentir

guardo minhas coisas em um lugar
que só eu sei quando e onde existirá

sexta-feira, 21 de março de 2008

o monstro que se esconde atrás dos sonhos

impossível de ser mais
só se a tosca pertinência
desse as caras de uma vez
por todas, por e para todos nós

vem pra corroer a situação
esse estado último de desejo
quebrando a nossa luz e a do sol
apressando o seu pôr e nossa deixa

eu deixo
mas não devia.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Série Velhos Poemas: VERSUS AMOR

Apesar de minha fuga, lacrada com véu de couro,
Nada se evidencia mais do que minha justa fobia
Embora siga farsante e risonho pelo mesmo caminho
Onde não se permitem maiores traduções

Caminho este, forrado por puras e belas flores
Mas um cravo sem raiz nem controle as esqueceu
No relento do vento que não via volta – para si mesmo
Nem ida debaixo das nuvens

Guardado a quantas chaves houver – não importa
Nem mesmo por engano consigo uma salvação
Enquanto os pés, desde sempre, enterrados por metais
Não tão preciosos quanto as aves do finalmente

Coração pintado a gesso pelas próprias mãos;
De outros, recebendo incessantes marteladas
Sem quebrar...

sexta-feira, 7 de março de 2008

o que vem de novo

tenho furos nas mãos e no papo
me foge qualquer espécie de contato
pago o pato, estou fadado

a ser o todo e sempre famoso
fugaz por excelência

entra gato, sai sapato
morfado e tão safado
de fato!

não sabe o que é um tato
e nunca aprende a eclodir